fevereiro 23, 2018

Homenagem Krishnanda: Savana...

Compartilharei uma música do Krishnanda toda sexta feira nos próximos meses, sempre com algum texto....  

Aqui, ' Savana ', minha preferida (a única que eu gostava quando criança)... Sempre que a ouço me vejo nas planícies da África.. vejo os elefantes passando.. sinto uma paz.. ao mesmo tempo uma melancolia .. essa música me traz muito a presença do meu pai, não sei explicar, só sei sentir. Viajo para outra dimensão...

OUÇA COM FONE DE OUVIDO PARA VIAJAR.. 



'Krishnanda' foi o único Lp solo do meu pai. Um disco sintonizado com os anos 60/70 : com o experimentalismo.. com a busca do amor e da espiritualidade.. totalmente fora do circuito comercial..

Meu pai, já imerso na yoga, macrobiótico, busca no oriente suas inspirações e afinidades ... emaranhado com os filósofos indianos, em especial Krishnamurti, mergulha nessa atmosfera divina, da busca da Consciência, do Ser ... e compõe esse disco único.. com instrumentos criados e muitos confeccionados por ele:seus 5 tambores, o bambussom, a criançola, todos construindo uma atmosfera que passa pela África, Índia, Oriente Médio>> Berços da humanidade, inclusive espiritual.

Meu pai está nos instrumentos nos tambores e efeitos vocais (aves).

Lindo arranjo para orquestra de Pachequinho.


25 anos sem ele... meu pai.. PEDRO SORONGO.

TEXTÃO DESABAFO E HOMENAGEM ...



TEXTÃO DESABAFO E HOMENAGEM ... 

Tenho andado longe daqui.. por questões pessoais.

Mas hoje é necessário voltar, retomar... fazem 25 anos que meu pai se foi... e fazem 50 anos do 'Krishnanda'.

Muitos não sabem, e hoje não tenho mais pudor em falar e repetir, tenho, sim, é orgulho: meu pai, PEDRO SANTOS, ou PEDRO SORONGO, foi, é, e sempre será, um dos maiores percussionistas do Brasil, do mundo!! 



Falar sobre meu pai, nunca é simples para mim.. assunto complexo esse de família né...
Eu nunca entendi meu pai, o músico. Não gostava de suas músicas. Era muito jovem, imatura.. e as músicas do meu pai não são comerciais.. muitas tem cunho filosófico/espiritual, já que meu pai se aprofundou na filosofia indiana, na yoga.. Ele foi tão longe neste despertar, que o chamavam de doido, era chamado de Pedro da Lua... Lógico, ninguém o entendia, nem queria, muito menos eu, uma adolescente boba..


Quando ele se foi eu já não era uma adolescente, mas ainda era boba... E minha mãe, uma mulher guerreira, corajosa, teimosa, uma fortaleza, porém simplória, que sequer tem o primário, se debateu para tentar manter sua memória.. e eu, longe, dizia 'que isso não me pertencia, não era o meu caminho'.

Eu, ainda imatura... não via, ou não queria ver, que tudo me pertence, querendo eu ou não..

Apenas em 2010 caiu a ficha. Após ela entrar numa roubada trabalhista, numa última tentativa desesperada para fazer algo pela obra do meu pai, eu percebi o quanto tudo isso é meu.. E entrei nesta história, ainda com o coração e as ideias se reconstruindo..

Quantas pessoas passam a vida pesquisando e cuidando da memória de personalidades que não são da família...

Hoje digo com orgulho: amo as músicas do meu pai. As compreendo... o vejo em cada nota... relembro dele treinando seu pandeiro em casa.. gravando e compondo ... e apesar de toda a loucura que é minha vida, tento manter sua memória com a página dele no face e o blog.

Fico sempre muito triste quando penso nesse dia 23 de fevereiro.. porque ele se foi sem ter visto o meu interesse real e legítimo pela sua obra, que na verdade é ele.. Mas, eu sendo espiritualista também, digo para mim que ele está sabendo, está vendo meu amor, admiração e respeito por tudo que ele fez pela música, pela percussão brasileira. Ele sabe o que está em minha alma...

GRATIDÃO PAI..
GRATIDÃO MÃE..

SALVE PEDRO SORONGO!!!